Angra – Ilha Grande – Paraty – Ubatuba (04 a 08/01/2016)
- Milhas percorridas: 100
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz e Elaine Ferraz
Relato
Como relatado nesse post aqui, havíamos levado o barco pra Angra, com intuito de voltar em Janeiro pra um pequeno cruzeiro pela região, e foi exatamente o que fiz. Cheguei no cais da Via Marina na manhã do dia 04/01/2016 juntamente com minha esposa Elaine que pela primeira vez seria minha companheira em uma velejada mais longa, com travessia e tudo mais, e sem as crianças, um cruzeiro romântico! Arrumamos toda a tralha no barco, preparamos tudo e zarpamos na tarde daquele mesmo dia, com destino à Praia da Tapera, na Enseada do Sítio Forte em Ilha Grande, uma navegada de aproximadamente 18 milhas pela frente.
Aqui deixo um importante conselho, pra você meu amigo leitor que esteja pensando em começar o processo de “marinização” de sua companheira (ou, por que não, pra você também, leitora querendo marinizar o companheiro!!). Nas primeiras vezes, seja exageradamente cauteloso!! Não seja ansioso, e não tenha pressa, pois o processo é longo, de qualquer maneira, e a pressa e a ansiedade na vela oceânica, quase SEMPRE levam a situações de stress desnecessário!
Digo isso, pois naquela tarde eu vi muito bem que estava se formando aquelas nuvens bem características daquelas trovoadas de verão, que sempre trazem vento forte e relâmpagos. Como já passava das 16h quando estávamos realmente prontos pra zarpar, eu deveria ter ficado ali mesmo pela marina, curtindo a tarde de chuva a bordo e deixado para sair na manhã do dia seguinte. Porém, minha ansiedade em começar logo o cruzeiro, e a pressa em estar na Tapera já na outra manhã, me fizeram decidir por sair naquele momento mesmo… com a tempestade vindo bem pro nosso lado.
Pois bem, óbvio que fomos pegos pelas nuvens, e já próximo a Ilha da Gipoia eu motorava contra um vento de 25 nós, com muita chuva e raios pra todo lado! A Elaine se aninhou na cabine e acompanhava tudo pelo dog house, bem apreensiva, mas até então estava tudo sob meu controle… a navegada estava sendo desconfortável, molhada e chata, mas tava tudo ok! A pior consequência do meu erro veio depois. Quando chegamos ao Sítio Forte já estava escuro, e o vento não dava trégua, se mantendo sempre acima de 20 nós. A ancoragem no Sítio Forte não é das mais fáceis, é um local muito profundo e cheio de poitas, deixando pouco espaço pra quem vai ficar na âncora, e os locais com profundidade pequena são rapidamente preenchidos em dias de verão. Além disso, nesses dias de tempestade tem um lugar lá onde o vento faz a curva num morro e vem mais forte ainda! Resultado, sobrou pra mim a bacana tarefa de ancorar sozinho, com vento de mais de 30 nós, no breu da noite, com vários barcos por perto e sem conhecer bem o local (só tinha estado uma vez lá com o André Homem de Mello em 2013). Tudo isso, sob os olhares desconfiados e assustados de minha companheira! Que belíssima cagada! Até que acabou sendo tranquilo… ancorei uma vez, reparei que a âncora não estava segurando e estávamos arrastando. Pedi ajuda pra Elaine, apenas pra manter o motor engatado e seguir minhas direções pra ajudar a tirar a âncora. Deu certo, subi a âncora e joguei novamente, agora em um lugar um pouco mais raso e com bastaaaaaante filame. O barco ficou seguro… e é lógico que, pelas leis de Murphy, o vento absurdo e a chuva torrencial pararam alguns poucos minutos depois desse sofrimento todo! Hehehe. Curtimos nossa primeira noite a bordo descansando desse pequeno perrengue, dormindo sob a luz do luar no cockpit.
No dia seguinte, compensamos todas as calorias perdidas no perrengue com um maravilhoso almoço no restaurante Recanto dos Maia, do já famoso casal Nalde e Telma, que sempre recepcionam muito bem os velejadores. Na parte da tarde velejamos até o Saco do Céu, uma das melhores ancoragens da Ilha Grande, e continuamos as aventuras gastronômicas com um belíssimo jantar no Coqueiro Verde.
Na outra manhã zarpamos cedinho rumo à Ilha da Cotia, já iniciando nossa volta sentido Ubatuba. A navegada foi bem tranquila, porém quase toda no motor, não havia um pingo de vento. Chegamos a tardezinha e curtimos um lindo por do sol nessa que também é uma das grandes ancoragens do litoral carioca.
No último dia desse mini-cruzeiro, navegamos da Ilha da Cotia até a Ilha das Couves já em Ubatuba, passando pela Ponta da Joatinga. O mar estava um pouco alto durante essa travessia, porém com ondas bem longas e espaçadas, o que torna a navegação mexida, porém sem bater. Já no arquipélago das Couves, passei entre a Ilha Comprida e a Ilha das Couves, algo que é sempre legal de fazer quando o mar permite. Ali, a força do mar aberto encontra o costão da ilha, sempre causando um cenário meio surreal.
Ancoramos na Ilha das Couves onde alguns amigos já esperavam pra curtirmos o dia com um maravilhoso churrasco a bordo, pra gente contar todas as histórias da viagem. De tarde voltamos pro Saco da Ribeira e pude concluir essa primeira experiência com a Elaine em travessias com um saldo bastante positivo, apesar das lições aprendidas!
Ubatuba – Bracuhy – Angra dos Reis (Via Marina) (20 a 22/12/2015)
- Milhas percorridas: 70
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz e Eduardo Soares
Relato
Após a volta da grande viagem que fizemos até Arraial do Cabo, estávamos mais empolgados que nunca com o mundo da vela, e empolgados pra ir cada vez mais longe. Nesse dia, tínhamos combinado uma velejada meio maluca, queríamos ir em direção ao alto mar, direção África, até quando a profundidade fosse maior que 200m hehehe… zarpamos porém o vento estava totalmente favorável para irmos em direção à Angra dos Reis… pensamos bem e chegamos a conclusão de ir pra lá, já que tínhamos planejado de passarmos alguns dias lá em Janeiro, então já uniu o útil ao agradável!
Zarpamos na tarde do domingo 20/12 e velejamos durante a noite toda com um delicioso vento de través vindo de Sul, acredito que era o fim de uma frente fria… chegamos meio cansados na manhã da segunda e ancoramos o Beleza Pura na magnífica ilha de Itanhangá, que fica bem na entrada da Enseada de Bracuí, onde fica a marina de mesmo nome. A ilha é maravilhosa, com uma praia linda de onde se tem vista pros dois lados da ilha, uma característica bem marcante. Descemos com o bote e de tão cansados deitamos na areia mesmo, sob a sombra de uma árvore e usando um tronco caído como travesseiro e tivemos um delicioso sono ao som do mar. Algumas horas depois, começo a acordar ouvindo um som agudo bem carcterístico: GOLFINHOS!!! Ali mesmo, bem em frente a praia, como que gritando: Sejam bem vindos a Angra, seus vagabundos!!!
Levantamos, voltamos pro barco e começamos a nos aprontar pra navegar até a Marina Bracuhy, onde encontraríamos nosso parceiro Maurício Rosa pra umas cervejinhas, um almoço e um bate papo de velejador! Fomos muitíssimo bem recepcionados pelo Maurição, que àquela época morava a bordo de seu Alphorria, um Fast 345 que ficava ali na marina. O lugar é maravilhoso, cheio de estrutura náutica, e o almoço no “Bowteco”, como é chamado o restaurante que fica nas margens do canal, foi delicioso, assim como a conversa com o Maurício. Além do papo ótimo como sempre, o Maurição ainda arrumou uma vaga baratinha na Via Marina, uma marina nova que estava começando a operar na Enseada do Ariro, que fica logo ali ao lado do Bracuí. Zarpamos pra lá e chegamos no começo da tarde, ainda com tempo pra dar uma bela geral no barco, deixando-o prontinho pra receber nossas esposas quando voltássemos em Janeiro.
Ubatuba, Arraial do Cabo, Ilha Grande, Ubatuba (19/09 a 03/10/2015)
- Milhas percorridas: 385
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz, Eduardo Soares, Renato Boralli e Nicola Paolucci
Relato
O sonho era bem claro: levar o Beleza Pura ao Arquipélago dos Abrolhos, no sul da Bahia, onde havíamos ancorado antes com o Pluct-Plact-Zum 2 anos antes. Desde aquele dia juramos voltar lá com nosso próprio barco. Decidimos tentar a sorte mesmo tendo apenas 15 dias de férias e zarpamos de Ubatuba no dia 19/09 com planos de parar em Vitória e depois Abrolhos. Os acontecimentos que seguiram não nos permitiram atingir o objetivo final, mas acabaram sendo a melhor escola e a melhor preparação que poderíamos ter e nos trouxeram experiências únicas que nunca mais esquecerei e que por fim levaram à criação de meu canal no YouTube e diria que até mesmo desse humilde site. Tudo isso você pode vivenciar assistindo a essa pequena série de 6 vídeos que produzi com nossas aventuras nesses dias.









Ubatuba – Ilhabela (Saco do Sombrio) – Ubatuba (20 a 22/06/2015)
- Milhas percorridas: 57
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz, Eduardo Soares, Thiago Carvalho e Evandro Silva
Relato
Nessa época estávamos em pleno planejamento para a viagem que faríamos em Setembro rumo a Abrolhos. Precisávamos testar melhor os nosso limites e do barco também para estarmos mais seguros com tudo. Quando soubemos que nesse final de semana haveria uma frente fria com ventos de mais de 20 nós e mar com ressaca e ondas de 2 a 3 metros, decidimos zarpar em direção a Ilhabela para uma velejada um pouco mais extrema do que as que estávamos mais acostumados.
Capturamos as ações deste belo treino em vídeo, assista abaixo!
Confira também algumas das maravilhosas fotos tiradas por nosso tripulante Evandro ‘Pig’ Silva!
Ubatuba – Ilhabela – Ubatuba em solitário (19 a 21/12/2014)
- Milhas percorridas: 50
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz
Relato
Eu já estava de férias e tinha esses dias pré-Natal livres, o que melhor do que passar velejando né? Fazia tempo que eu queria fazer uma travessia em solitário pra sentir como seria, foi a oportunidade perfeita. Saí na sexta-feira bem cedinho e depois da Ilha do Mar Virado entrou um vento muito bom de NW e assim fui até Ilhabela, numa orça um pouco fechada. Travessia tranquila, ir em solitário não fez muita diferença pois não precisei trabalhar muito hehehe…
Chegando lá fiquei novamente em uma poita no Saco da Capela, aproveitei um pouco a cidade, saí pra velejar com alguns amigos no sábado e pegamos um dia maravilhoso, curtimos um pouco na Ilha das Cabras e assistimos um por do sol de tirar o fôlego! No domingo voltei pra Ubatuba sem vento, uma motorada chata, mas tinha valido muito a pena!
Ubatuba – Paraty – Ubatuba (23 a 25/08/2014)
- Milhas percorridas: 120
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz, Eduardo Soares, Renato Boralli e Guco Bava
Relato
Primeira velejada com o Beleza Pura para Paraty. Tivemos ainda a felicidade de quando chegamos lá descobrir que simplesmente estava rolando o festival da cachaça!! Imagina se não gostamos hehehe…
Ainda aconteceu outra coisa curiosa, no segundo dia que estávamos lá, navegamos até a Ilha da Cotia, um dos locais mais conhecidos pelos cruzeiristas da área. Estávamos tentando pescar e de repente entrou um peixe. Como o peixe parecia muito pesado já ficamos todos animados, seria uma garoupa, um badejo? Quando o peixe chegou na superfície verificamos que era um BAIACU! Os baiacus são famosos por possuírem um veneno que pode matar um humano, porém como tem uma carne muito boa, existe a famosa história de que no Japão os melhores sushi-men sabem limpar o bicho mas deixando apenas um vestígio desse veneno, o suficiente para amortecer a boca do cliente! Porém nessa brincadeira pelo menos algumas pessoas já morreram!
Enfim, o que fazer com o peixe? A gente tava empolgado e com fome, queríamos comer! O Eduardo já jogou a ideia esdrúxula: vamos entrar no YouTube e ver um vídeo de como limpa!! Hahahaha nenhum de nós topou esse risco! Mantivemos o peixe vivo em um saco com água salgada enquanto rumávamos para a Ilha da Cotia. Chegando lá havia um “barco-bar” que serve porções e bebidas. Levamos o peixe até o bar onde o simpático dono limpou pra gente já nos ensinando como faz! Dessas gentilezas que existem no mar. Foi um momento engraçado a hora de provar a porção, ficamos discutindo a possibilidade do tiozinho ter errado algo e morrermos ali mesmo, mas a conclusão final foi: se há uma maneira “interessante” de morrer, é essa! Ancorados em uma ilha paradisíaca, envenenados pelo peixe que nós mesmos pescamos, definitivamente roteiro de filme hehehe.
Ainda na volta pra Ubatuba tivemos outra demonstração da generosidade dos homens do mar: ao encontrar um barco de pesca próximo ao Pouso da Cajaíba os ajudamos com um pouco de combustível e eles nos deram em troca um balde cheio de peixes fresquinhos, que foram devidamente assados na churrasqueira do barco já em Ubatuba na Ilha das Couves! Momentos que não tem preço…
Ubatuba – Ilhabela – Ubatuba (23 a 25/08/2013)
- Milhas percorridas: 50
- Embarcação: Beleza Pura – Velamar 34
- Tripulação: Felipe Ferraz, Eduardo Soares e Pedrinho
Relato
Após o curso com o André, sentíamos que estávamos prontos para tentar nossa primeira travessia com o Beleza Pura. A escolha óbvia era Ilhabela: é o destino mais próximo a Ubatuba, geralmente temos condições de vento boa para fazer essa travessia, tínhamos amigos por lá, enfim, estava decidido, iríamos velejar até Ilhabela.
O Eduardo levou o sobrinho dele, Pedrinho, pra começar a curtir a vida a bordo. A travessia ia tranquila e basicamente sem vento até chegarmos próximos à Ponta das Canas, local onde sabidamente o vento sempre dá uma acelerada. Mas nós, em nossa inexperiência da época, não sabíamos disso e não estávamos preparados pra isso, mantivemos todo o pano em cima e sinceramente não conhecíamos ainda tanto o nosso barco em condições mais duras assim, resultado: em uma manobra infeliz durante uma rajada mais forte rasgamos uma parte da vela mestra e perdemos uma das talas… paciência, começávamos a aprender que o veleiro tem seus limites e que é muito importante conhecê-los bem e saber responder rápido aos seus pedidos de socorro.
Passado o susto e a adrenalina, conseguimos velejar até a Praia do Jabaquara (onde quase fomos comidos vivos por borrachudos assassinos), na parte norte da ilha, onde ancoramos e descansamos um pouco enquanto esperávamos o vento dar uma diminuída. Depois disso fomos para o Saco da Capela onde pegamos uma poita e curtimos dois dias maravilhosos na Ilhabela, com direito a velejada até a praia do Curral para almoçar lá e no domingo retornamos a Ubatuba.
Ilhabela já começaria a deixar saudades no Beleza Pura! Foi difícil chegar, mas mais difícil sair! Uma ilha com toda a estrutura náutica necessária, uma cidade belíssima, cheia de bons restaurantes, barzinhos (até com cervas especiais!!) lugares charmosos, banheiros públicos super limpos, etc… Impressionante realmente! Estrutura de turismo nota 10! Prometemos que iríamos retorna muito em breve!
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